Embalagens flexíveis avançam para facilitar a reciclagem

Integrantes dos diversos elos da cadeia do plástico empreendem um esforço conjunto na busca por embalagens flexíveis mais sustentáveis e afeitas às propostas da economia circular.

Esforço importante, pois fatores como a dificuldade da reciclagem – especialmente quando compostas com diferentes materiais – e a complexidade de sua logística reversa suscitam questionamentos sobre a sua sustentabilidade.

Ainda assim, elas ocupam cada dia mais espaço, mesmo em segmentos tradicionalmente cativos de embalagens rígidas de plástico ou de outros materiais, como sucos, lácteos, comida pronta, artigos de higiene pessoal e limpeza, entre outros.

Uma das principais vertentes de materialização desse empenho é o desenvolvimento de embalagens mais simples e mais facilmente recicláveis para substituir aquelas feitas de diferentes materiais.

Desenvolvimento que, conforme apponta Fabio Agnelli Mesquita, gerente de suporte técnico e desenvolvimento de PE e PP da Braskem na América do Sul, exige cumprir alguns requisitos.

Um deles: “O mercado precisa enxergar essa necessidade, e isso já acontece”, diz.

Obviamente, ressalta Mesquita, é preciso considerar também as questões técnicas, que não se limitam à necessidade de desenvolver estruturas simples igualmente capazes de oferecer características de barreira contra agentes como oxigênio e umidade, mas incluem também itens como rigidez, soldabilidade, aceitação da impressão, entre outros.

Além disso, ele complementa, deve-se avaliar a possível necessidade de ajustes ou alterações no maquinário, no caso de produção das novas estruturas.

“Os grandes transformadores e os fabricantes de máquinas estão testando máquinas que substituam embalagens tradicionais por versões monomateriais”, afirma Mesquita.

A Braskem disponibiliza soluções que permitem essa substituição.

Uma delas, só de polietileno (PE), é utilizada nos stand up pouches da linha de arrozes especiais Ritto, da Unilever, antes embalada em estruturas de PE laminado com PET.

Desenvolvida em parceria com a fabricante de embalagens Antilhas, essa solução incluiu também uma tecnologia diferenciada de impressão por cura com feixe de elétrons, capaz de garantir as mesmas características visuais e de acabamento das embalagens laminadas.

Estão disponíveis também, prossegue Mesquita, soluções para substituir apenas por PE embalagens laminadas utilizadas em outros alimentos, como cereais e hambúrguer vegano.

“E vejo grande potencial para essas soluções no mercado de higiene e limpeza, por exemplo, nos refis de sabonetes líquidos, que também utilizam soluções de PE e PET”, destaca.

Também a Dow fornece resinas para stand up pouches feitos apenas de PE.

“No Brasil, elas já são utilizadas em categorias como pet food e refis de sabonetes líquidos”, relata Verena Abrantes, gerente de marketing para segmento de alimentos e embalagens flexíveis da empresa na América Latina.

O portfólio da Dow inclui diversas outras soluções para embalagens flexíveis mais sustentáveis.

Uma delas, a resina Elite AT, já utilizada em alguns países latino-americanos para embalar produtos como café, leite em pó e achocolatados, é feita só de PE, sem metalização.

Outro exemplo vem da tecnologia Phormanto, que possibilita a produção de embalagens termoformadas também só de PE, sem a necessidade de poliamida para fornecer barreira.

O mesmo material pode ser utilizado em carnes frescas como substitutas das embalagens de poliestireno envoltas em um filme de outra resina, como PET.

“Essa inovação embala cortes de frango da marca Alliz”, diz Verena.

Em sua linha de resinas Innate, a Dow tem um grade que permite a produção de filmes de BOPE (polietileno biorientado), com os quais é possível confeccionar embalagens apenas de PE + BOPE, eliminando a laminação de PE com BOPP usual em embalagens de ração para animais, alimentos processados, itens de higiene pessoal e produtos de limpeza.

“Filmes de BOPE têm boas propriedades ópticas e já estão sendo utilizados na Ásia, principalmente em embalagens de alimentos e de produtos de higiene pessoal”, diz Verena.

E na linha Revoloop a empresa disponibiliza soluções com resinas recicladas, no Brasil produzidas em parceria com a recicladora Boomera LAR.

A Dow oferece ainda resinas para produção de filmes de polietileno orientado pela tecnologia MDO – que requer um estiramento complementar na saída da extrusora –, com os quais é possível substituir o PET e estruturar embalagens feitas apenas de PE.

A tecnologia MDO, afirma Verena, “vem se expandindo na América Latina”.

Poliamidas e filmes PET – Não necessariamente, embalagens feitas com mais de uma resina são inadequadas à reciclagem mecânica (ainda a tecnologia predominante para reúso de plásticos): embalagens de polietileno nas quais há até 30% de poliamida, por exemplo, “são perfeitamente recicláveis na cadeia do PE”, explica Murilo Tambolim, representante técnico de poliamidas da Basf.

“As poliamidas, de forma geral, contribuem para a sustentabilidade em embalagens multicamadas, pois suas propriedades mecânicas, ópticas e de barreira permitem produzir filmes mais resistentes, mais finos e recicláveis em embalagens multicamadas”, enfatiza

A Basf, informa Tambolim, oferece grades de poliamida mais adequados para as práticas da sustentabilidade.

Por exemplo, na linha Ultramid Ccycled, que tem parte de seu conteúdo proveniente de reciclagem química, na Europa já aparece em embalagens de salsichas e queijos, podendo ser utilizada para carnes, frios fatiados, encolhíveis, alimentos congelados, ou qualquer outro gênero de embalagem que use poliamidas.

No portfólio da Basf há ainda poliamidas compostas com ingredientes oriundos de fontes renováveis, nas linhas Ultramid Biomass Balance, na qual biogás proveniente de lixo orgânico substitui parte dos conteúdos de origem fóssil no processo de produção, e na copoliamida Ultramid Flex F38, que tem cerca de 34% do conteúdo de carbono decorrente da inclusão de óleo de colza na formulação da matéria-prima dos monômeros.

Por sua vez, a Toyobo oferece o que Carlos Takahashi, executivo da operação brasileira da empresa, chama de “PET barreira”, resultante da deposição, em filmes de PET, de óxidos de sílica e de alumínio (SiOx e AlOx), permitindo seu uso como substituto de vidro e de metais (ou de embalagens metalizadas).

No Japão, destaca Takahashi, esses filmes são muito utilizados em embalagens do tipo retort pouch, que podem ser esterilizadas em autoclaves, e que entre outros produtos acondicionam comida pronta, como arroz, compotas de frutas antes comercializadas em lata, sucos tradicionalmente embalados em metal ou vidro.

O PET barreira, afirma Takahashi, tem diversas vantagens nos quesitos da circularidade. Uma delas: a deposição de Alox e Siox não prejudica a reciclagem, na qual o filme pode ser inserido como sendo feito apenas PET.

Esta é uma curadoria de conteúdo da RX Brasil sobre desenvolvimento de embalagens mais flexíveis para facilitar a reciclagem. Para continuar lendo, acesse o site do Plástico.com.